Por Luiz Francisco Lé de Castro, Assessor de Imprensa
As origens de Jardinópolis/SP remontam ao dia 18 de junho de 1859, quando os lavradores Antônio Pereira da Silva e Maria Florência de Jesus, e Joaquim José de Araújo e Theodora Maria de Jesus doaram, juntos, 48 alqueires da Fazenda Ilha Grande para a formação do patrimônio da Capela de Nossa Senhora d’Aparecida. Sabe-se que no lugar, antigo pouso para tropeiros, viviam algumas famílias.
O nome Ilha Grande deve-se à Ilha – ainda existente – formada no leito do Rio Pardo, também conhecida como Ilha do Entroncamento.
Os anos se passaram, a capela não foi construída e as terras doadas acabaram sendo vendidas. Foi então que surgiu a figura de Domiciano Alves de Rezende, considerado o Fundador de Jardinópolis, que, ciente da situação que impedia a regularização e o reconhecimento do povoado ali formado, decidiu lutar contra ela.
Foi Domiciano Alves de Rezende – na época, um jovem de 23 anos idade – quem organizou os primeiros mutirões para a construção da primeira capela, a abertura das primeiras ruas e a demarcação dos primeiros largos (praças) e, também, que conseguiu, judicialmente, realizar um acordo com o comprador das terras doadas.
Domiciano (ou Chanico, como era conhecido), nasceu na fazenda São Felipe – hoje, pertencente à Jardinópolis –, no dia 6 de janeiro de 1863. Casou-se, aos dezoito anos de idade, com Maria Carolina das Dores de Oliveira, filha de José Pereira de Oliveira e de Anna Rosa de Jesus (antigos proprietários confinantes da Fazenda Ilha Grande) e irmã de Belarmino Pereira de Oliveira, que dá nome à uma das principais avenidas da cidade.
Em 1.º de outubro de 1892, criou-se, do então povoado de Ilha Grande, o Districto de Paz de Ilha Grande, anexo ao Município de Batatais (Lei Estadual n.º 115, promulgada pelo Presidente do Estado Dr. Bernardino José de Campos Júnior).
Anos depois, através da Lei Estadual n.º 484, de 24 de dezembro de 1896, o nome Districto de Paz de Ilha Grande foi substituído por Districto de Paz de Jardinópolis, após assim ser sugerido pelo Senador Joaquim Miguel Martins de Siqueira, em homenagem ao propagandista da República Antônio da Silva Jardim (1860-1891). Já em 1898, no dia 27 de julho, foi criado o Município de Jardinópolis.
Com a emancipação política e o desmembramento do Município de Batatais, formou-se a Câmara Municipal de Jardinópolis e os seus vereadores elegeram, em 18 de março de 1899, o primeiro Intendente (Prefeito) Municipal: o Dr. João Muniz Sapucaia, personagem marcante de nossa história por ter sido o responsável pela construção do Cemitério Municipal e, por ironia do destino, com a sua morte (em 1900), o primeiro munícipe lá enterrado.
No dia 03 de maio de 1909, foi inaugurado o Grupo Escolar de Jardinópolis que, em 1913, mudou-se para sua Sede própria. Do antigo Grupo Escolar, hoje temos a E.M.E.F. Américo Salles Oliveira.
Em janeiro de 1914, chegaram a Jardinópolis as então chamadas Irmãs Franciscanas Missionarias do Egito que, acolhidas pelo Vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, iniciaram a construção do Colégio Sagrado Coração de Jesus, cuja pedra fundamental foi lançada no dia 27 de agosto de 1914, em um terreno doado pelo Prefeito Municipal Dr. Pedro de Barros Albernaz. Desativado em 1991, o prédio do antigo Colégio abriga, desde 27 de julho de 2005, o Paço Municipal de Jardinópolis/SP.
No século passado, a vida da cidade, em termos de movimentação de gente, era aos domingos: pela manhã, na Praça Nossa Senhora Aparecida, para as missas, uma vez que, até meados de 1950, eram celebradas somente nesse período; e à noite, havia a “reza” (terço, etc.) e a apresentação das corporações musicais – Lyra Guarani e Carlos Gomes – no coreto da Praça da Matriz.
As grandes festas eram as religiosas, realizadas juntamente com quermesses ou não. Surgida em 1913 e que hoje alcança a posição de maior festa religiosa e popular de Jardinópolis (e uma das maiores da região) é a Festa do Senhor Bom Jesus da Lapa. Conta-se que a sua fundadora, a baiana Juventina Maria do Nascimento (conhecida como Pequena do Nascimento), fez uma promessa ao Senhor Bom Jesus da Lapa (originariamente, de devoção popular baiana) e, tendo alcançado a graça pedida, começou a promover, todos os anos, uma festa em homenagem a Ele. Com o passar dos anos, a Festa foi tornando-se cada vez maior e mais conhecida, estando hoje (2022) em sua 109.ª edição.
Em 1918, foi criado o distrito de Sarandy, anexo à Jardinópolis; o qual, em 1944, passou a denominar-se Jurucê.
Foi também por uma fruta que Jardinópolis/SP ficou conhecida. Grande exportadora de mangas, desde o início do século passado, os seus moradores ficaram conhecidos como boca-amarelas e o Município foi instituído (pela Lei Estadual n.º 4.722/85) como a Capital da Manga.
Foto: Arquivo do Autor: Lembrança da safra de mangas de Crescêncio Avino (Photo Wirmann, 1933).